sábado, 17 de outubro de 2009

Mundo do Trabalho

Estive refletindo estes ultimos dias sobre a questão do trabalho em nossas vidas. A grande verdade que pude perceber é que desvinculamos totalmente a questão do trabalho e prazer. Certa vez, perguntei pra um chegado pq ele não escreveria o TCC dele sobre um tema que ele gostasse. Ele me disse que não misturaria trabalho com lazer. Essa declaração dele me soou muito deprimente na época, principalmente com o tipo de vida que eu sonhava, que era trabalhar com criação de arte. Arte pra mim sempre foi prazer, mas um prazer que eu gostaria de transformar em trabalho. Até que, no trabalho que eu tenho atualmente, eu tive a oportunidade (não ganhando para isso mas dispondo de equipamento e tempo extra) de trabalhar com minhas artes. E comecei a produzir um programa de tv para uma pequena tv universitária em ascensão.
Na minha família, a única referência artística que tive na vida, era minha mãe. Sempre estava envolvida com uma atividade nova, em variados tipos de artesanato e até culinária. De cada coisa nova que ela fazia eu ficava observando e, às vezes, até me metendo a fazer. A grande questão no caso, era que ela nunca tentou ganhar dinheiro com isso. Apesar de ela ser dona de casa, o que muitos supõem que uma dona de casa não faz nada, ela sempre trabalhou muito. Então, as artes acabaram como hobby. Às vezes ela até vendia para amigos, conhecidos e minha vó como comerciante, arranjava bons clientes. Mas era desmotivante. O dinheiro compensava muito pouco o gasto com material.
Eu, descambei pra outro lado. Na adolescência, extremamente influenciado por animes e a estética do mangá, comecei a desenhar neste estilo e sempre tentei escrever quadrinhos e histórias escritas. Nunca consegui emplacar e isso acabou, para minha tristeza virando hobby tbm... pois o plano B acabou se tornando plano A, minha faculdade de pedagogia acabou roubando todo meu tempo e disposição, me colocando numa prisão de onde, até hoje, não descobri um meio de escapar. Tentei cursos de desenho, quadrinhos, contos em blogs, e, atualmente, programa de tv.
A minha dificuldade é que não consegui acompanhar como deveria as tecnologias e, como todo artista, sempre estive com pouco dinheiro, pra poder investir nas minhas artes. Tentei ser autodidata usando as ferramentas da internet, mas chegou uma hora que eu acabei me esgotando. Precisava de investir um pouco mais em mim. O grande problema era que este estilo de vida jamais seria alimentado. Minha família, que era quem me bancava em tudo, nunca entendeu o sucesso através de uma vida artística, jamais iriam me incentivar a me jogar numa vida incerta.
Então, me formei em pedagogia e entrei em depressão-pós-formado. Em vez de reunir forças para passar num concurso ou fazer uma pós-gradução, me afundei em mim mesmo, e sem sequer produzir arte nenhuma. Sabia de uma coisa: Não era aquilo que eu queria pra mim. Não queria dar aulas. No máximo toparia ser pedagogo. Porém estava sem força para entrar em grandes concursos. Tentei vários concursos, vários caminhos, empregos loucos (como o que tenho atualmente), enfim.
Tive a oportunidade de produzir arte. Participei de todas as etapas na produção de um programa de tv e descobri um caminho das pedras enormes. Principalmente quando os instrumentos de trabalho não são seus. E você começa a depender de outras pessoas para que o seu trabalho flua. Voltei a ficar deprimido por conta disso. Além do que, não era meu trabalho produzindo programas que me sustentava, e sim outros trabalhos que eu fazia. Aprendi como fazer um programa artesanalmente, mas não disponha de instrumentos o suficiente para ser autônomo. Várias coisas começaram a dar errado e eu me questionei se era aquilo realmente o que eu queria para meu futuro. Poderia pegar meu diploma de pedagogo e sair por aí atrás de trabalho. Entrei num curso de desenho, e fui aprendendo algumas coisas novas. Mas sentia-me menosprezado, pois não era o que eu estava colocando em prática. Eu sinto que as pessoas acham que qualquer um pode ser artista e os que optam por esse caminho, é porque fracassaram na vida. Me lembro da minha musa Kate Bush que antes de completar a maioridade já tinha contrato com gravadoras e foi esperada por uns dois anos até que estivesse pronta para gravar seu primeiro disco. A gravadora, que tinha sido paciente, teve um grande retorno. Uma artista que deixou o mundo de cabelo em pé. A primeira mulher na Inglaterra a por um sucesso no topo da lista. Inveja...
Vou ter que aprender a tirar dinheiro da minha arte. Não tive uma família com garra o bastante para me ensinar essas pequenas coisas. Sempre tive uma vida fácil, gostosa. Mas eu sei que tudo acaba. E também estou cansado dessa vida limitada. Acabei com o tempo deixando estes limites espaciais domando minhas vontades e atitudes. Para se livrar de uma prisão, é preciso encontrar a chave ou cavar um buraco.
Tomei uma decisão de batalhar por isso. A vida de ninguém foi fácil. Nem a de Kate, tanto que ela depois de sua primeira turnê, decidiu não fazer mais nenhuma, justificando que esta movimentação toda, faria seu trabalho não ter a qualidade esperada por ela. Mas vou batalhar pela vida difícil que eu quero. Não sei se emplacarei com alguma de minhas artes, mas vou tentar até eu poder pagar meu pão diário com o dinheiro de minha arte. Quando isso acontecer, minha vida estará realizada, pelo menos profissionalmente, eu acho...