sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Universo


Hoje acordei pensando nas transformações que minha vida andou passando todos estes anos. Por dentro mudei, sou outra pessoa, uma pessoa que não tem nada haver com o que eu era há uns seis meses atrás. E por mais que eu estivesse forçando uma mudança positiva em minha vida, a maioria das transformações vieram por fatores externos, biológicos e de personalidade. Relacionamentos, amizades, trabalho, amores não correspondidos, jogos de sedução, promessas não cumpridas... Limitações físicas, culturais, autoconhecimento, defeitos incorrigíveis, qualidades nunca notadas, aceitação biológica, mental... E hoje sou uma pessoa mais positiva, mais de bem com a vida, aprendendo a conviver com as coisas que não gosta em si mesmo, disposto a enfrentar a vida por outro prisma.

Ao mesmo tempo fico questionando o que os outros vêem. Sinto que para meus pais eu continuo o mesmo. Talvez por ter criado uma barreira tão grande entre nós, eles não consigam enxergar alguém além daquele adolescente complicado que se acalmou na fase adulta, que ainda gosta de dormir até tarde e não é muito chegado a trabalho, que não entra em relacionamentos amorosos há anos e que tem um humor muito instável e às vezes gosta de dar patadas nos outros sem motivo. Enfim, eu fico pensando no que será que eles vêem quando me olham, não porque quero ficar bem aos olhos deles, mas por mera curiosidade. Uma curiosidade que me bateu a porta hoje, pois nunca senti isso na vida.

Mas sinto que de certa forma, minha tendência ao intrapessoal atrapalhou minha relação com o mundo, acabei carregando a arrogância da pessoa que se conhece excessivamente e disse para o mundo: Me aceite como sou e pronto! Um mero erro por dois motivos: O primeiro é que ninguém é obrigado a me aceitar se não quiser. Tenho defeitos insuportáveis e acabo incluindo eles no pacote, e se quero ser mais aceito tenho que me moderar e me tornar menos arrogante. Ou até mesmo se eu não quiser mudar, tenho que estar ciente de que as pessoas ficarão na delas e só se aproximarão mesmo aqueles que se interessar por mim.

A outra coisa, a pior delas é que não importa o quão eu invada meu próprio mundinho, sou tão infinito quanto o universo. Nunca vou me conhecer completamente e quando chegar próximo da equação “eu”, tudo muda. Eu deixo de ser a pessoa que me encontrei, sou mudado por mim mesmo, uma nova amizade, um novo amor, um novo acontecimento... Enfim, nunca vou chegar perto de me conhecer completamente. Acho que, em partes, toda essa tortura chamada autoconhecimento me dá prazer por conta disso, de sempre encontrar novidades, de sempre estar mudando, de me dar a chance de ser sempre uma pessoa diferente e ao mesmo tempo conseguir manter uma unidade para as pessoas em volta, ou não... Ou melhor, de surpreender sempre quem está em volta de você com uma novidade sobre si mesmo, ou até decepcionar às vezes.

É engraçado no momento em que resolvo descansar de mim mesmo, quando resolvo mudar meu foco pra outra coisa ou pessoa, um novo amor, uma nova amizade, sempre inicio temeroso, lidar com outras pessoas para questões complexas requer menos tensão e mais análise, mais estudo. Se cada pessoa for uma incógnita tão grande quanto eu, fico com medo de tocar em outro universo. Tenho medo que toquem no meu também. Acabo que me fecho para sentimentos, ou simplesmente guardo em meu coração aquilo que sinto, porque tenho medo de me relacionar... Pois nunca conseguirei conhecer ninguém completamente, se nem eu me conheço totalmente? É simples, mas na prática tão complicado...

Lembrei-me da velha fábula da mulher perfeita... Um homem andou pelo mundo inteiro em busca da mulher perfeita, e todas que encontrou tinham algum defeito. Foi uma jornada dura e depois de um ano ele voltou para sua terra natal. Ao encontrar com um amigo ele disse que sim, tinha encontrado a mulher perfeita. O seu amigo perguntou por que não tinha ficado com ela e ele respondeu que ela também estava procurando o homem perfeito. E a vida segue... Não quero uma pessoa perfeita ou imperfeita, mas alguém que eu ame de verdade... E que me ame, mesmo sendo essa grande energia transformadora que sou... Se é que vai sobrar espaço pra alguém dentro de mim...

Um comentário:

Unknown disse...

o tempo passa e a cada momento vamos nos transformando sempre e bom se transforma para algo melhor...dentro de nos vai evoluindo a cada dia...para que possamos ser aquela pessoa que sempre queremos...